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segunda-feira

Instinto materno mito ou realidade?

Por Fernando mariano

A sensação de que a criança está incomodada no berço. A intuição ao descobrir quando algo de errado ou impróprio está acontecendo na vida do filho, somente num olhar, numa breve observação dos gestos e atitudes. A sensibilidade e a ligação entre a mãe e o filho são historicamente destacadas. Enquanto algumas pessoas frisam a existência de um instinto maternal, outros acreditam que essa relação é fruto do amor desenvolvido desde a concepção.
A cadela e os tigres adotivos
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Muitos afirmam: nenhuma relação entre dois seres humanos é tão forte e duradoura como é, em geral, a ligação entre a mãe e seu bebê. Essa idéia conduz ao pensamento de que o instinto materno é inato à maioria das mulheres. "Entretanto, exemplos de mães que abandonam seus filhos após o nascimento ou mulheres que 'adotam' os filhos de seus parceiros com amor incondicional também nos confundem sobre esse assunto", comenta a psicopedagoga Maria Irene Maluf, de São Paulo, especialista em Educação Especial e ex-presidente da ABPp (Associação Brasileira de Psicopedagogia).
Para a profissional, a nova configuração das famílias do século 21, nascidas de casamentos de pais que já têm filhos ou de casais que optam por não ter filhos biológicos, mas adotam crianças, ou ainda uma família que reúne filhos de pais diferentes, mostra que as características da figura da mãe estão muito mais ligadas a aspectos pessoais e da personalidade da mulher do que um reflexo da natureza.
"Fatores da educação e individualidade da mulher contribuem para que ela desenvolva ou não essa capacidade, que, muitas vezes, é chamada de instinto maternal. Instinto de sobrevivência é comum entre os humanos, e isso pode ficar mais perceptível na ação de uma mãe, devido a elementos culturais", diz.
A profissional faz analogia com o mundo animal. "Entre os animais, não é diferente o cuidado da fêmea de algumas espécies com seus filhotes, mas também existem os abandonados, casos de bichos criados pelos machos ou ainda os que são devorados por apresentarem uma anomalia", informa.
"Quando o instinto passa para a racionalidade, a pessoa toma consciência da sua responsabilidade com aquele ser, e passa a prestar maior atenção à pessoa, no caso à criança. O amor direcionado a essa criança explica a ligação com ela. O instinto não é exclusivamente maternal, evolui a partir da percepção do outro e proximidade com ele".
Maria Irene lembra do caso de homens com "instinto maternal". "Eles desenvolvem habilidades consideradas maternais, mas que estão relacionadas ao amor à criança".
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