Massageie o seu bebê

Sim, os bebês têm necessidade de leite.

Mas muito mais de serem amados e receberem carinho.

Serem levados, embalados, acariciados, pegos e massageados”

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sexta-feira

O cuidado com a saúde mental da criança e a caixa de brinquedos


”Segundo Simon (1986), o bebê nasce imerso na posição esquizoparanóide, cujas principais características são: a fragmentação do ego; a divisão do objeto externo (a mãe), ou mais particularmente de seu seio, já que este é o primeiro órgão com o qual a criança estabelece contato, em seio bom e seio mau – o primeiro é aquele que a gratifica infinitamente enquanto o segundo somente lhe provoca frustração – a agressividade e a realização de ataques sádicos dirigidos à figura materna. (...)”

“Melanie Klein notou que a criança expressava suas fantasias, desejos e experiências simbolicamente no brinquedo e acentuou a importância da caixa de brinquedos.”


Uma Revisão Sobre a Psicanálise Infantil

Introdução

As particularidades da clínica com crianças inquirem os conhecimentos já organizados sobre os sintomas e as possibilidades de abordagem psicanalítica. Quando se trata de crianças, a clínica se constitui no entrecruzamento de subjetividades, imprimindo impasses e possibilidades para o paciente, seus pais e o analista ( TEIXEIRA, 2006).
Alguns poucos analistas que questionam a possibilidade da criança desfrutar de uma análise nos mesmos moldes de um paciente adulto. No entanto, é importante pensar como a clínica psicanalítica direcionada à infância, principalmente à primeira infância, nos confronta com uma mudança de paradigma: de uma clínica baseada no significante e na linguagem em sua dimensão verbal, para uma clínica voltada para a idéia de construção e de contenção/continente (ZORNIG, 2008).
Sabemos que não existem teorias específicas para analisar o discurso da criança. Freud se refere ao jogo da criança em vários trabalhos, onde se refere a essa atividade, como um discurso onde o inconsciente produz seus efeitos. Trata-se então, não de criar técnicas, mas de escutar esse discurso característico que a criança sustenta nas formações do inconsciente. À medida que a criança começou a brinca no consultório, foi preciso criar técnicas como ludoterapias, dramatizações, etc., para chegar ao seu inconsciente. Esta mudança ao nível da técnica levou também a uma mudança na teoria, chegando ao ponto de se desconhecer a paternidade freudiana que caracteriza a psicanálise como tal (VIDAL, s.d.).
O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância do tratamento psicoterapêutico infantil sob a ótica da Psicanálise, analisando aspectos da teoria psicanalítica sobre a atividade lúdica na infância, o envolvimento dos pais nesse processo, destacando ainda alguns importantes referenciais teóricos.
1 Panorama Histórico da Psicanálise Infantil
A psicanálise de criança iniciou-se num momento em que a comunidade analítica discutia a formação do analista e tentava institucionalizar essa formação. Nos anos pós-guerra, a preocupação com o mau uso da psicanálise e o temor do charlatanismo colaborou para a controvérsia sobre a conveniência ou não de autorizar os não médicos a este exercício (CAMAROTTI, 2010).


A primeira análise realizada com uma criança foi a do Pequeno Hans (Sigmund Freud, em 1909) e teve grande importância por demonstrar que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados também às crianças. Naquela ocasião, Freud já mencionava que a criança é psicologicamente diferente do adulto, não possuindo ainda um Superego estruturado. Para ele, as resistências internas que combatemos no adulto ficam substituídas na criança por dificuldades externas. Mas, o interesse pela psicoterapia infantil só iria surgir, efetivamente, com os pós-freudianos (SILVA E SANTOS, 2008).

(...)

2 As Duas Correntes da Psicanálise em Crianças

A técnica em Psicanálise infantil passou por várias transformações ao longo do tempo. Desde o método clínico de Klein e de seus seguidores, foi exacerbada a importância do trabalho extenuante de interpretação em análise de crianças. Tendo em vista à decodificação do significado da brincadeira desenvolvida na sessão analítica, encontramos, atualmente, modelos teóricos que expandem ou que modificam essas abordagens originais (FELICE, 2003).
Se empregarmos esta concepção à clínica psicanalítica com crianças, podemos entender melhor as razões dos notáveis debates entre Anna Freud e Melanie Klein sobre a possibilidade de uma criança transferir ao analista em função do vínculo afetivo a seus objetos fundamentais, já que subjacente a essa discussão encontrava-se uma determinada concepção sobre a estruturação do psiquismo na infância e as relações objetais precoces. Enquanto Anna Freud propunha uma análise baseada na noção de um aparelho psíquico em constituição, Melanie Klein postulava um psiquismo constituído desde os primórdios, privilegiando a atividade fantasmática da criança (ZORNIG, 2008).

2.1 Alguns Conceitos Kleinianos na Psicanálise da Criança

Segundo Oliveira, (2007), uma das principais contribuições da teorização kleiniana são os conceitos de posição esquizoparanóide e posição depressiva. Estes são períodos normais do desenvolvimento que perpassam a vida de todas as crianças, tais como as fases do desenvolvimento psicossexual criadas por Freud. Contudo, são mais maleáveis do que estas fases, devido ao fato de instalarem–se por necessidade, e não por maturação biológica (embora a autora não deixe de considerar as fases da teoria freudiana a respeito do desenvolvimento infanto–juvenil).
Segundo Simon (1986), o bebê nasce imerso na posição esquizoparanóide, cujas principais características são: a fragmentação do ego; a divisão do objeto externo (a mãe), ou mais particularmente de seu seio, já que este é o primeiro órgão com o qual a criança estabelece contato, em seio bom e seio mau – o primeiro é aquele que a gratifica infinitamente enquanto o segundo somente lhe provoca frustração – a agressividade e a realização de ataques sádicos dirigidos à figura materna.

(...)

3.1 O Brincar na Psicanálise de Crianças

O “brincar” tem um papel muito importante na análise de crianças, e pode ser considerado um processo análogo as associações livres que ocorrem na análise dos adultos. A sequência de brincadeiras, sua importância e significados, devem ser observados e analisados atentamente.

Segundo Mrech (1999), um aspecto importante a ser observado é que o brincar da criança não é apenas um ato natural de um determinado momento. Ele traz a história de cada criança, desvendando quais foram os efeitos de linguagem e da fala, sob a forma de uma rede transferencial específica. Para a Psicanálise, não se deve confundir os objetos concretos (brinquedos e jogos), com as suas simbolizações e imagens. Existem diferenças entre a realidade psíquica da criança e a realidade concreta. Para que possamos saber como a criança pensa, o que sente, deseja etc., é preciso que nos guiemos pela sua realidade psíquica, e não pela sua realidade concreta ou por nossa realidade psíquica.

(...)

Ao brincar, a criança desloca para o exterior seus medos, angústias e problemas internos, dominando-os por meio da ação. Repete no brinquedo todas as situações excessivas para seu ego fraco e isto lhe permite, devido ao domínio sobre os objetos externos a seu alcance, tornar ativo aquilo que sofreu passivamente, modificar um final que lhe foi penoso, tolerar papéis e situações que seriam proibidas na vida real tanto interna como externamente e também repetir à vontade situações prazerosas (ABERASTURY, 1992, p. 15).

3.1.1 O Brincar Segundo Winnicott

A teoria sobre o brincar concebida por Winnicott originou mudanças significativas no pensamento psicanalítico atual. A relação analítica passou a ser apreciada como a criação de um espaço potencial em que duas pessoas tenham a possibilidade de brincar juntas. Apenas assim, o paciente pode desvendar seu self e desenvolver sua criatividade. O brincar transferido para a situação de análise infantil, no contato entre paciente e analista, constitui-se na principal realização da psicoterapia (FELICE, 2003).
Sua teoria do brincar parte do princípio de que a brincadeira é primária, e não resultado da sublimação dos instintos. É uma maneira fundamental de se viver, que facilita o crescimento e leva aos relacionamentos em grupo. O brincar aparece no contexto da relação mãe-bebê, a qual segue um encadeamento no processo de desenvolvimento. Primeiramente, a mãe é percebida como um objeto subjetivo, isto é, criado pelo bebê. A mãe, sensível e direcionada para as necessidades de seu filho, torna concreto o que ele está pronto para encontrar, possibilitando a experiência da ilusão e de controle onipotente sobre o mundo. Em um segundo estágio, o interjogo entre a realidade psíquica pessoal e a experiência de controle de objetos reais cria um espaço potencial entre a mãe e o bebê, no qual a brincadeira começa (FELICE, 2003).

Winnicott acrescenta que além das significações e sentidos, os brinquedos são também objetos transicionais, isto é, eles se encontram no meio do caminho entre a chamada realidade concreta e a realidade psíquica da criança (MRECH, 1999).

3.1.2 O Brincar Segundo Melaine Klein

Para Melaine Klein, o brincar se transforma no componente essencial da análise de crianças, que possibilita o estabelecimento da transferência em análise. O acesso ao seu inconsciente devia realizar-se através da atividade lúdica que vai pontuando os diferentes tempos na direção da cura. É abordada enquanto conteúdo do inconsciente, pois ela é manifestação do desejo e da fantasia inconsciente. O brincar se torna um painel onde é projetado esse universo fantasmático: fantasmas de destruição e de ataque se articulam com sentimentos de depressão e culpa. A dialética da introjeção-projeção é principalmente assinalada na transferência. Indica os momentos da relação da criança com o analista que, para Melaine Klein, correspondem à primazia de um tipo de fantasia dominante (VIDAL, s.d.).
Melanie Klein aborda a psicanálise para as crianças através da técnica do brincar, que até então não tinha sido estudada. Como ela mesma cita, teve um insight a respeito do desenvolvimento inicial e a interpretação que se pode obter através de observações do brincar das crianças, influenciando também em crianças mais velhas e adultos (CARMINATTI, 2005).
Segundo Melaine Klein (1970), o brincar da criança é diretamente proporcional à associação livre do adulto. Pois o brincar e jogar são formas básicas da comunicação infantil, com as quais as crianças inventam o mundo e elaboram seus aspectos internos e os impactos exercidos pelos outros (mundo externo). As crianças jogam, brincam e desenham, não falam como os adultos, encontram no lúdico a forma preferencial de enunciar o que se encontra no registro do inconsciente. Assim, o jogo não é uma simples brincadeira.
Há nela uma preocupação em compreender o significado que a criança exterioriza em cada jogo e com cada brinquedo:

“a criança expressa suas fantasias, seus desejos e suas experiências de um modo simbólico por meio dos brinquedos e jogos. Se desejamos compreender corretamente o jogo da criança em relação com a conduta total durante a sessão de análise, devemos desentranhar o significado de cada símbolo separadamente. O psicanalista deve mostrar repetidamente os diferentes significados que pode ter um simples brinquedo do fragmento de jogo" (VIDAL, s.d.).

Melanie Klein notou que a criança expressava suas fantasias, desejos e experiências simbolicamente no brinquedo e acentuou a importância da caixa de brinquedos. Porém quem realmente introduziu o uso da caixa de brinquedos no setting analítico foi Arminda Aberastury. Para esta autora (1992), a caixa representa o mundo interno da criança, o mundo não verbal, contendo as representações inconscientes e as relações com seus objetos. Para Aberastury o uso da caixa privilegiando o jogo e o brinquedo torna-se valioso porque difere do discurso verbal onde o sujeito tem a possibilidade de modificar o seu discurso através das defesas que se organizam para impedir que venha a tona algo que traga sofrimento (REGHELIN, 2008).

3.1.3 O Brincar em Ana Freud

Anna Freud considera o brincar uma questão secundária no marco de sua teoria e técnica em Psicanálise de Crianças. Sua preocupação é a entrada do pequeno sujeito no dispositivo analítico, a partir de um "treinamento" no qual o analista opera enquanto educador. Quando a criança entra no trabalho de análise, sua técnica consiste na interpretação dos sonhos, dos devaneios e dos desenhos. O brincar e a colocação de brinquedos, fundamentais na teoria kleiniana, são para ela métodos substitutivos e contingentes na análise com uma criança. Ela marca sua discordância do simbolismo que utiliza Melanie Klein com relação ao brincar na sessão. O importante para Anna Freud é o fato da criança estar em transferência, ou seja, numa vinculação tal com o analista que possibilite sua intervenção e a interpretação (VIDAL, s.d.).

Anna Freud entendia o brincar como atividade expressiva e não simbólica (pois o simbólico estava ligado ao reprimido) e Melanie Klein via o brincar como alocução e destinado ao analista, pressupondo diferentes níveis de simbolização conforme idade, nível de funcionamento mental, quantidade e qualidade das angústias da criança (REGHELIN, 2008).

3.2 A Entrevista com os Pais na Clínica Psicanalítica da Criança

A entrevista com os pais representam um lugar crucial para a análise com crianças, pois o que está em jogo é o bom andamento do caso e, para tanto, a transferência dos pais, tanto quanto da criança, é de fundamental importância. É imprescindível escutar os pais na medida em que eles estão implicados nos sintomas do filho, o que não significa fazer o tratamento psicanalítico deles, mas ajudá-los a se situarem em relação à sua própria história.

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Fonte: Uma Revisão Sobre a Psicanálise Infantil - Psicanálise - Abordagens - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/uma-revisao-sobre-a-psicanalise-infantil#ixzz1rxLmRB6a


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